sábado, 5 de novembro de 2011

;.

ela minha mente naquele instante e aposto que na dele também. Parecíamos as únicas pessoas ali, embora existissem mais um monte delas, talvez fossemos os únicos bêbados e perdidos. Acho que podíamos ter passado a noite toda ali sem nem um “pio” só nos olhando mas você fez questão de quebrar nosso silêncio de meia hora:
-ôoopa, ta perdida?
-nunca..-falei olhando pro copo que continha alguma mistura de álcool.
-eu também não- ele falou me puxando pelo braço e me carregando até a beira do mar.
Passavam mil perguntas pela minha cabeça, será que só depois de não termos mais noção do que estávamos fazendo poderíamos nos falar? E todas as vezes que passávamos um pelo outro e fingíamos que nunca tínhamos nos conhecido? O que se passava pela cabeça dele? Pensava as vezes nele, um tipo de lembrança que não trazia emoções ou sentimentos. Nos deitamos, a areia estava úmida e gelada, o céu carregava mais estrelas do que o normal.
-você é louco sabia?-falei olhando pro céu.
-você também era- ele falou rindo.
-eu era uma criança- falei em meio a gargalhadas
-você mudou?! Ele perguntou mas já tinha a resposta sabia que tanto eu quanto ele tínhamos mudado, mudado muito.
-foi questão de tempo.- acho que o tempo mais longo de todos.
-eu não achava que ia ser assim, eu também não achava que ia sentir.
-sentir?
-é, você sabe, sentir falta.
-voce continua cachorro- falei rindo.
-é verdade.
-ta certo então.
-nós devíamos nos beijar, você não acha?
-não, não acho.
-eu só queria saber o que vou sentir.
-a gente não vai sentir nada.
-ou tudo. A gente nem vai lembrar amanhã, somos dois bêbados.
Ele se aproxima, eu poderia evitar, mas talvez eu quisesse também saber como seria, foi frio, sem graça e sem gosto ou com gosto de álcool.
E já em casa recebo uma mensagem: “eu não esqueci”.
Não precisava responder que eu tinha esquecido, ele já sabia.

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